Acusado de fraude, médico é alvo de processo que cobra R$ 500 mil

Mauro Natel de Oliveira assinava procedimentos que nunca havia realizado e recebia por eles através do SUS

O médico da Santa Casa, Mauro Natel de Oliveira, virou alvo de ação pública após ser flagrado alterando prontuários para receber por cirurgias que não participou em Campo Grande .Cirurgião torácico do hospital há mais de 20 anos, ele confessou as fraudes e ainda afirmou que se não “fizesse não ganharia dinheiro” com a profissão.

De acordo com o MPE- MS (Ministério Público Estadual de Mato Grosso do Sul), o caso chegou ao promotoria após a Santa Casa de Campo Grande investigar o médico em dois processos administrativos, um realizado em 2014 e outro em 2016. Pelo menos quatro vítimas foram identificadas durante a apuração de denúncias contra o cirurgião.

Mauro Natel preenchia e assinava RGO’s (Registro Geral de Operação) de procedimentos que nunca havia participado. Com isso, o médico recebia do SUS (Sistema Único de Saúde) as taxas por cirurgias que jamais realizou.

No primeiro caso investigado pelo hospital, o cirurgião chegou a registrar um procedimento para a colocação de um dreno no abdômen em uma paciente já morta. A mulher de 35 anos deu entrada na Santa Casa no dia 10 de fevereiro de 2014 após um acidente de trânsito e morreu em menos de 30 minutos.

No segundo procedimento aberto para investigar a atuação do médico, três vítimas foram identificadas. Em dois casos, Mauro Natel assinou cirurgias que os pacientes já haviam realizado e no terceiro, assumiu a responsabilidade como cirurgião sem nem estar no hospital no momento do procedimento.

Mauro confessou as fraudes e chegou afirmar durante o processo administrativo que preenchia e assinava os procedimentos há mais de 20 anos e “se não fizesse isso não ganhava dinheiro”. Ele relatou ainda que com o crime “possuía um dos maiores faturamentos da Santa Casa de Campo Grande”.

De acordo com a Santa Casa de Campo Grande, o cirurgião foi afastado e não faz parte do quadro de médicos desde março deste ano. Além do MPE, uma cópia da apuração feita pelo hospital foi enviado ao CRM (Conselho Regional de Medicina) de Mato Grosso do Sul.

A ação movida pelo MPE-MS foi enviada no dia 27 de novembro a 2ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos da Comarca de Campo Grande.

No documento, o promotor Adriano Lobo Viana de Resende, pede uma indenização por danos morais coletivos de R$ 500 mil e ainda o “pagamento do custas processuais e demais verbas de sucumbência ao Fundo Especial de Apoio e Desenvolvimento do Ministério Público”. A reportagem não conseguiu contato com o médico.

Fonte: Campo Grande News

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