Infestação de caramujos invade casas em Três Lagoas

Animal portador de doenças põe em risco a saúde dos moradores

Em meio ao período de chuvas das últimas semanas os caramujos estão ‘invadindo’ as residências em Três Lagoas. O molusco – que tem causado transtorno aos três-lagoenses – tem o nome de caramujo-gigante-africano ou Achatina fulica. A preocupação da população que se depara com o caramujo está relacionada à transmissão de doenças, já que o mesmo é portador de parasitas e verminoses.

Cíntia Angra Colmenares, 35 anos, teve sua casa infestada; ela conta que está sempre encontrando caramujos pela casa e que a praga já destruiu plantas no seu quintal.  “Acabei de me mudar para a casa e me assustei; inclusive tem muitos ovinhos e fica difícil combater todos. Nós tentamos retirar os caramujos usando as mãos cobertas com sacola plástica; é preocupante – eu tenho um bebê que às vezes anda descalço e pode pisar onde o bicho passou. Minha preocupação é com a criança em casa; pela saúde dele”, relata.

De acordo com o Setor de Endemias, o caramujo-gigante-africano é um molusco oriundo da África. O animal pode pesar 200 gramas e medir cerca de 10 centímetros de comprimento por 20 de altura. Sua concha é escura, com manchas claras, alongada e cônica.

 Foi introduzido ilegalmente em nosso país na década de 80, no Paraná, com o intuito de substituir o ‘escargot’ – uma vez que sua massa é maior que a destes animais. Levado para outras regiões do Brasil, tal espécie acabou não sendo bem-aceita entre os consumidores.

 Sem predadores naturais, tal fator, aliado à resistência e excelente capacidade de procriação desse animal, permitiram com que esse caramujo se adaptasse bem a diversos ambientes, sendo hoje encontrado em 23 estados. Em um único ano, o mesmo indivíduo é capaz de dar origem a aproximadamente 300 crias.

DOENÇAS

Além de destruírem plantas nativas e cultivadas, alimentando-se vorazmente de qualquer tipo de vegetação e competir com espécies nativas – inclusive alimentando-se de outros caramujos – tais animais são hospedeiros de duas espécies de vermes capazes de provocar doenças sérias. Felizmente, não foram registrados casos em que essa doença, em nosso município, tenha sido transmitida pelo caramujo-gigante.

São elas:

– Angiostrongylus costaricensis: responsável pela angiostrongilíase abdominal – doença que provoca perfuração intestinal, de sintomas semelhantes aos da apendicite;

– Angiostrongylus cantonensis: responsável pela meningoencefalite eosinofílica de sintomas variáveis, mas muitas vezes fatal.

 Tanto uma quanto a outra ocorrem pela ingestão do parasita, seja pelo manuseio dos caramujos, ou ingestão destes animais sem prévio cozimento, ou de alimentos contaminados por seu muco, como hortaliças e verduras.

O QUE FAZER?

Ainda segundo o Setor de Endemias de Três Lagoas para evitar a contaminação e fazer a coleta de forma correta é importante o uso de luvas ou sacolas plásticas ao manipular os caramujos; cozer antes de comer a sua carne e desinfeccionar itens alimentares, lavando-os e deixando-os de molho de quinze minutos a meia hora, em aproximadamente uma colher de água sanitária para um litro de água.

Quanto ao controle desse molusco, é indicada a catação manual dos indivíduos e de seus ovos, colocando-os em dois sacos plásticos, quebrando suas conchas antes de eliminá-los. Descartar as conchas é importante, pois a tendência da concha que protege o molusco é acumular água da chuva, tornando-se assim, um lugar proliferador do Aedes Aegypti – vetor também da febre chikunguya.

 Depois desses procedimentos é recomendada a aplicação de cal virgem ou sal sobre os caramujos quebrados e o posterior enterramento, em local longe de lençóis freáticos, cisternas ou poços artesianos.

 

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Fonte: Hoje Mais/Bruna Taiski