Câmara faz moção de repúdio por agressão racial sofrida pelo vereador Renée
Racismo foi praticado nas redes sociais e repercutiu em Três Lagoas
Na sessão ordinária desta terça-feira, os vereadores aprovaram, por unanimidade, uma moção de repúdio ao professor C.R.L, acusado de ter proferido manifestação racista contra o vereador Renée Venâncio, em uma rede social, ato que gerou grande polêmica no município, inclusive sendo pauta de reportagem publicada pelo Jornal Hoje Mais.
No requerimento subscrito por todos os vereadores e aprovado igualmente por todos os presentes, é citado que “o racismo é tipificado pela Constituição brasileira como crime inafiançável e imprescritível e sua prática é um atentado ao estado democrático de direito, instituído no país”.
Também é argumentado que sua prática “contraria todos os diplomas internacionais de respeito à diversidade humana, cultural e aos direitos humanos e que, em âmbito mundial, a Organização das Nações Unidas [ONU], em sua assembleia proclamou a “Década do Afrodescendente – 2015/2024″, com o intuito de debater e encontrar soluções para o reconhecimento, a justiça e o desenvolvimento desse segmento social”.
A moção ainda reforça que o racismo estimula prática congênere e discriminação, como o machismo, a xenofobia, a homofobia e a discriminação social e ainda que o racismo viola a história da participação, contribuição e da presença de milhões de negras e negros que deram suas vidas para a construção do Brasil.
Solidariedade
Na tribuna, todos os vereadores declararam solidariedade a Renée Venâncio, destacando que a prática do racismo contraria a lei e a ética humana.
O vereador Marcus Bazé se solidarizou com o episódio e disse que ele próprio é fruto de amor de uma negra e um branco, que sempre lutaram ativamente contra os preconceitos.
Ao se pronunciar, o vereador Gilmar Garcia Tosta falou que é necessário lutar por justiça social e combater a discriminação, desde o tipo sofrido pelo vereador Renée Venâncio, até aquela que é praticada diariamente contra os pobres da periferia da cidade.
Já Realino, também negro, falou que é convive com o preconceito no dia a dia, mas que é preciso reagir às agressões e mostrar que há dignidade em todos e que todos podem ocupar qualquer cargo menor, ou de relevância maior, independente da condição racial ou social.
O próprio Renée Venâncio discorreu sobre o fato, relatando fatos de sua trajetória pessoal marcada pelo preconceito, chegando ao ápice de ter sofrido um ataque nas redes sociais, por sua cor de pele. Ele lamentou ainda mais que o ato tenha sido praticado por um professor universitário.
Renée pediu que as pessoas pensem bem ao expressar a crueldade da discriminação e, emocionado, relatou o caso de um filho seu que morreu ainda criança, por depressão desencadeado por bullying racial, sofrido na escola.
“Não é possível que ocorra este tipo de atitude, em pleno século XXI”, afirmou o presidente da Câmara, André Bittencourt. Para ele, nem autoridades nem as outras pessoas podem conviver com ataques por cor de pele ou outras diferenças.