Mães relatam volta da Momo, mas especialista alerta para fake news
YouTube nega a existência de vídeos que incentivem o suicídio em sua plataforma voltada para o público infantil
As mães estão preocupadas com o reaparecimento da Momo — espécie de boneca que propõe desafios perigosos — , agora em vídeos no YouTube Kids. Nas redes sociais, diversas pessoas postaram depoimentos, alertando pais e afirmando que os filhos assistiram a conteúdos com a personagem sinistra ensinando a praticar suicídio na plataforma voltada para crianças.
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O professor da FGV e especialista em segurança digital, Arthur Igreja discorda que o vídeo exista e alerta para o risco de uma fake news. “Não existe um link direto para o suposto vídeo ou imagens da Momo no YouTube Kids. As pessoas estão compartilhando vídeos que receberam pelo WhatsApp e isso é uma evidência muito fraca”, afirma.
Os rumores sobre o retorno da Momo aumentaram desde o último fim de semana, quando vídeos com alertas aos pais começaram a circular no WhatsApp.
Segundo relatos, o clipe da música Baby Shark seria um dos usados como uma forma de atrair a atenção do público do YouTube Kids para a Momo. Apesar das falas da personagem serem todas em inglês, ilustrações deixariam claro a intenção de incentivar a prática.
“Baby Shark” seria um dos vídeos usados para espalhar a Momo pelo YouTube
Reprodução YouTube
Levy, de 4 anos, foi questionado pela mãe Thaty Louise sobre a Momo e surpreendeu ao confirmar que havia assistido a um desenho no YouTube com a personagem.
O post no perfil de Thaty no Twitter mostra a criança dizendo que sente medo e é orientada a pedir ajuda em uma próxima vez que a figura aparecer na tela.
Outra mãe ficou apreensiva ao receber um desenho da Momo após conversar com a filha sobre os riscos de assistir a vídeos na internet sozinha. Segundo o tweet, a criança chorou após mostrar o desenho que havia feito.
“A polêmica da Momo é muito recente e as crianças podem lembrar de ter visto a mesma figura no ano passado. É preciso lembrar que o Twitter também é um terreno fértil para as notícias falsas. A intenção dessa ação pode ser apenas de viralizar uma brincadeira de mau gosto ou de tentar denegrir a imagem do YouTube”, afirma Igreja.
Essa é a segunda vez neste ano que surgem relatos de pessoas que perceberam conteúdos impróprios em vídeos de programas e desenhos voltados ao público infantil.
O jornal norte-americano Washington Post publicou uma matéria, em fevereiro deste ano, sobre um vídeo infantil no qual o público também é ensinado a cortar os pulsos. Um adulto fazia movimentos com as mãos indicado o local exato para um corte no braço.
O surgimento da Momo
A popularização da imagem de olhos esbugalhados e um sorriso sinistro começou em 2018. Inicialmente, era um número de contato de WhatsApp que revelava dados pessoais a partir de uma simples troca de conversas.
Especialistas alertavam que a brincadeira na verdade era uma forma de roubar dados pessoais e criar situações de vulnerabilidade para aplicar golpes na internet.
A estratégia utilizada é conhecida com engenharia social e utiliza informações disponibilizadas na internet para qualquer pessoa para encontrar informações privadas.
O número de telefone, por exemplo, podia direcionar para a página do Facebook e assim descobrir laços familiares, e-mails e data de aniversário.
Ao R7, o YouTube enviou o seguinte posicionamento:
“Ao contrário dos relatos apresentados, não recebemos nenhuma evidência recente de vídeos mostrando ou promovendo o desafio Momo no YouTube Kids. Conteúdo desse tipo violaria nossas políticas e seria removido imediatamente. Também oferecemos a todos os usuários formas de denunciar conteúdo, tanto no YouTube Kids como no YouTube. O uso da plataforma por menores de 13 anos deve sempre ser feito pelo YouTube Kids e com supervisão dos pais ou responsáveis. É possível que a figura chamada de “Momo” apareça em vídeos no YouTube, mas somente naqueles que ofereçam um contexto sobre o ocorrido e estejam de acordo com nossas políticas. Para mais detalhes, vale consultar a página sobre Segurança Infantil no YouTube”
Fonte : R7