Servidores e empresários envolvidos em fraude na Prefeitura de TL poderão pegar até 26 anos de prisão
A ‘Operação Cambota’ deflagrada na manhã desta terça-feira – dia 12 – pela Polícia de Três Lagoas, com apoio da Controladoria Geral da União – CGU – resultou na apreensão de documentos que podem servir de provas contra cinco ex-servidores municipais, bem como, contra três empresas do ramo de oficina mecânica, que juntos teriam desviado dinheiro público e superfaturado notas entre os anos de 2015 e 2016, quando a Administração Pública era gerida por Márcia Moura (PMDB).
O prejuízo nos cofres públicos foi de R$ 1,6 milhão e os investigados podem responder pelos crimes de organização criminosa, estelionato qualificado, corrupção ativa e passiva – cujas penas, somadas, podem chegar a 26 anos de prisão.
Ao todo, a Operação contou com a participação de 67 policiais e foi realizada também em Dourados. O trabalho de investigação começou no ano passado, com cruzamento de informações da PF e CGU. De acordo com a Polícia Federal, existe a possibilidade de o sistema de superfaturamento e desvio de dinheiro público ter sido replicado para outros serviços e aquisições.
Em coletiva com a imprensa, na manhã de ontem, a PF informou que cinco servidores são suspeitos de participarem da organização criminosa que agia na Prefeitura. Três oficinas mecânicas do município também são alvo das investigações; com elas eram efetuadas 70% das manutenções de veículos da Prefeitura e 30% eram divididos com 25 oficinas que realizavam o mesmo cadastro para concorrer ao serviço; porém, a fatia maior sempre ficava com três desses empreendimentos.
Conforme Alan Givigi – delegado da Polícia Federal – o cadastro era aberto para todas as oficinas interessadas de Três Lagoas somente para legalizar o processo, já que em 90% dos casos eram sempre as mesmas empresas que venciam a licitação. “Daremos sequência às investigações e não descartamos a possibilidade surgirem novos envolvidos” – destacou.
O grupo criminoso aumentava o valor das peças e serviços prestados. Em alguns casos foi constatado superfaturamento de até 486% do valor dos acessórios substituídos pelas oficinas mecânicas.
Operação
Cambota é o nome popular do ‘Virabrequim’, peça responsável pela movimentação do automóvel. Como a fraude consistia em direcionar e majorar serviços nos automóveis da frota, o nome faz alusão à atuação policial, no sentido de desarticular a organização criminosa, impedindo sua movimentação.
A operação é resultado de denúncia feita no Ministério Público Estadual, que culminou em um inquérito e de um trabalho de investigação feito pela própria Polícia Federal.
Delação premiada
Luciano Anechini Lara – promotor de Justiça do Ministério Público – não descarta a possibilidade de o órgão propor delação premiada entre os servidores municipais e os proprietários das oficinas suspeitas de participarem do esquema criminoso.
O objetivo é incentivar os envolvidos a falarem como funcionava o esquema, identificar se eles recebiam benefícios para cometerem o crime e também se existem outras pessoas na organização criminosa.