CRM-MS torna pública cassação de registro do “médico das celebridades”

Médico ficou conhecido por usar anestésico proibido para rejuvenescimento, sendo chamado até de “mercador de ilusões”

O CRM-MS (Conselho Regional de Medicina) em Mato Grosso do Sul tornou pública a cassação do “médico das celebridades”, Eduardo Gomes de Azevedo, que já teve registro funcional no Estado. A penalidade foi imposta pelo conselho em São Paulo, a exemplo do que já ocorreu em outros oito estados.

A cassação em MS foi referendada em novembro, mas, hoje, consta o informe público da penalidade imposta aqui no Estado e pelo CRM de São Paulo.

Entre as celebridades que já teriam sido pacientes dele constam, conforme publicações nacionais, o ex-jogador Pelé, o ex-técnico da seleção de vôlei, Bernardinho, a apresentadora Xuxa e o governador de São Paulo, João Dória. Em junho deste ano, o médico cassado aparece em foto com Silvio Santos, em texto que cita o apresentador como integrante de “seleto grupo de celebridades do Dr. Eduardo Gomes”.

O geriatra ficou famoso no Brasil ao usar gerovital (cloridrato de procaína) para tratamento de rejuvenescimento, produto que ainda não tem registro na Anvisa. Em 1995, chegou a ser preso por uso de anestésicos proibido pelo Ministério da Saúde por provocarem arritmia cardíaca e convulsões.

Naquele ano, o então presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria, Norton Sayeg, disse que Azevedo era “mercador de ilusões”, pois não havia comprovação de que o medicamento fosse rejuvenescedor.

Em setembro do ano passado, a clínica dele no Paraná foi alvo de operação da Polícia Civil, após denúncias. Naquele período, conforme publicado no jornal O Extra, o estabelecimento recebeu 17 autuações por irregularidades como armazenamento de medicamentos que só poderiam ser usados em ambiente hospitalar e, ainda, estavam vencidos.

Medicamentos encontrados na clínica em Curitiba, muitos, vencidos (Foto/Divulgação: Polícia Civil do Paraná)

A clínica também foi autuada por funcionar sem licença sanitária e não ter responsável técnico. A  Polícia Civil do Paraná informou à reportagem que o inquérito ainda está em andamento.

Na página oficial de Eduardo Gomes, ele é citado médico, escritor e empresário, atualmente, sendo o CEO da rede de clínicas Anna Aslan no Brasil e, hoje, como gestor, “lidera equipe multidisciplinar de profissionais (…) levando saúde e longevidade para pessoas”.

Na publicação do CRM, consta que Eduardo Gomes foi cassado por infringir vários artigos da Resolução CFM nº 1.246/88, entre eles, o Art. 29 (praticar atos profissionais danosos ao paciente, que possam ser caracterizados como imperícia, imprudência ou negligência), Art. 124 (usar experimentalmente qualquer tipo de terapêutica ainda não liberada para uso no País, sem a devida autorização dos órgãos competentes) e Art. 60 (exagerar a gravidade do diagnóstico ou prognóstico, complicar a terapêutica, ou exceder-se no número de visitas, consultas ou quaisquer outros procedimentos médicos.

Em Mato Grosso do Sul, o registro dele foi cassado em novembro. Não há informação se alguma vez ele chegou a atuar no Estado. Em consulta ao sistema do CFM, consta a cassação no Ceará, Goiás, Mato Grosso, Paraíba, Paraná, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo. O registro do Rio de Janeiro, segundo assessoria do CRM consta erroneamente como ativo.

De acordo com a assessoria, a cassação é válida para todo o território nacional, mesmo que seja feito registro em algum outro Estado.

Fonte: Campo Grande News

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