Universidade paraguaia ignora fila e vende vaga por até R$ 12 mil
Brasileiros que passaram uma semana acampados na calçada de uma universidade paraguaia aguardando vaga para se matricular no curso de medicina em Pedro Juan Caballero, cidade vizinha de Ponta Porã, reclamam dos procedimentos adotados pela instituição para preencher as vagas.
Segundo eles, não adiantou nada ficar na chuva e no sol embaixo de uma barraca de lona para guardar a vaga, já que no final o que contou mesmo foi o dinheiro.
“Após seis dias acampados e quatro horas na fila, apenas 28 brasileiros conseguiram fazer a matrícula no sábado e ainda assim só quem tinha até R$ 5 mil no bolso para pagar pela vaga. Quem tinha dinheiro nem precisava ficar na fila, era só procurar um conato da universidade e fazer a inscrição”, disse ao Campo Grande News um douradense que ficou na fila guardando uma vaga para a irmã.
Nesta segunda-feira, informou o douradense, o valor para conseguir a vaga chegou a R$ 12 mil. “É revoltante. Mesmo tendo preferência na fila, só uns 15 cidadãos paraguaios conseguiram as vagas. As outras foram vendidas”, afirmou o douradense. “Vou prestar queixa no Consulado do Brasil”, prometeu.
Na semana passada, a Uninorte (Universidade do Norte do Paraguai) anunciou que abriria 300 vagas para o curso de medicina em Pedro Juan Caballero – cidade que tem ao menos oito mil brasileiros fazendo medicina em sete cursos.
O anúncio foi suficiente para que muita gente montasse acampamento em frente à universidade. Os principais motivos para tantos brasileiros procurarem os cursos de medicina em Pedro Juan Caballero são o preço da mensalidade e a inexistência de vestibular. No Paraguai a mensalidade custa R$ 1.050 e o valor vai decrescendo conforme forem diminuindo as disciplinas ao longo do curso de seis anos.
Só pagando – Entretanto, quando chegou o dia da matrícula começou a leilão das vagas, segundo os brasileiros. No sábado houve princípio de tumulto quando os brasileiros ficaram sabendo que funcionários da Uninorte estavam vendendo o acesso ao curso, com autorização da direção. A Polícia Nacional foi chamada para controlar a situação.
Nesta segunda-feira (4) a confusão continua. Muitos sul-mato-grossenses e até moradores de outros estados permanecem em Pedro Juan Caballero tentando fazer a matrícula. A Uninorte ainda não se manifestou sobre as denúncias. Aos candidatos que estão na unidade, a empresa informa que as vagas já foram preenchidas.
Nas redes sociais, moradores de Ponta Porã e brasileiros que já cursam medicina em Pedro Juan saíram em defesa da Uninorte, afirmando que no Brasil a situação não é diferente, já que existem esquemas de venda de vaga em vestibular e até para fraudar o Enem.
“Os brasileiros estão com problemas de enxergar a realidade do país chamado Brasil”, escreveu um. O outro comentou: “os brasileiros acham que estão disputando vaga na USP”.
Fonte: Campo Grande News